A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina), um antioxidante endógeno, é um derivado do triptofano que é produzido principalmente pela glândula pineal durante a noite e é um sinal de regulação do ciclo circadiano e sono. Sabe-se que os níveis de melatonina diminuem com a idade, por isso pessoas mais velhas tem maior chance de sofrer com inadequação dos níveis.
Ciclo circadiano: como acontece o sono no organismo funcional
A qualidade ou privação do sono, problema que afeta quase 1/3 da população mundial, causa diversas mudanças fisiológicas e comportamentais. Além de estresse, prejuízo no convívio social e ocupacional, mau humor, ansiedade, ganho de peso, o sono desregulado aumenta o risco de doenças cardiovasculares, hipertensão, disfunção metabólica e neurocognitiva.
A melatonina tem sido amplamente utilizada para distúrbios do sono. Já há mais tempo, a venda acontece livremente nos EUA e outros países, mas o Brasil isso aconteceu recentemente. Com isso, o consumo aumenta a cada ano, sendo possível encontrar outras aplicabilidades da melatonina, como oncologia, fertilidade, gastroenterologia, cardiologia e imunologia.
Ela pode ser usada na fórmula de liberação imediata, liberação prolongada ou uma combinação das duas. A dose recomendada varia de 2 a 10mg. Comumente, sugere-se o consumo um pouco antes do horário de se deitar, porém, um estudo mostrou que tomar o suplemento entre 18h e 20h melhora os parâmetros quando comparado ao horário das 21h. Um estudo mostrou sonolência matinal e fraqueza quando a melatonina era tomada muito tarde (após 22h30).
Benefícios e efeitos adversos
Alguns benefícios adicionais encontrados foram a diminuição da ansiedade, da depressão, da dor no pós-operatório Além disso, ela diminui a pressão arterial diastólica, os níveis de glicose no sangue e a resistência à insulina. Uma revisão sistemática demonstrou que ela é capaz de diminuir os marcadores inflamatórios TNF-alfa e IL-6, que são produzidos e secretados pelo tecido adiposo e tem um papel importante na resistência à insulina, Diabetes Tipo II e doenças cardiovasculares. A melatonina é antioxidante e neuroprotetora: evidências demonstram diminuição do estresse oxidativo e melhora na capacidade cognitiva de pacientes com Alzheimer. Evidências robustas mostram diminuição dos efeitos colaterais do câncer e sua remissão.
Observou-se a ingestão da melatonina com diversos medicamentos e não encontrou-se interação medicamentosa com medicamentos como ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos, reguladores de humor, relaxantes musculares, analgésicos, antibióticos, medicamentos para tratamento de asma, diabetes, câncer e Alzheimer, estatinas, hormônios de tireóide e estradiol, antiácidos e anticoagulantes.
Em relação ao sedativo Zolpidem, ela por si só não afetou a psicomotricidade, função e recuperação de memória e habilidades de direção. Porém, quando utilizada junto com o sedativo, potencializou esses efeitos adversos provocados por ele. A literatura não é clara ainda sobre o uso de melatonina com medicamentos hipertensivos, o que sugere cautela em pacientes com doenças cardiovasculares que fazem uso deste medicamento.
Alguns estudos mostram efeitos adversos variados. Agitação, fadiga, mudanças de humor, pesadelos, irritação na pele e palpitações são reportados porém passam espontaneamente. De forma mais grave, alguns resultados mostram prejuízo na fertilidade de homens e mulheres, mesmo com pequenas doses, com supressão da ovulação e diminuição na contagem de espermatozoides.
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Referências:
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