A ansiedade é um sinal fisiológico do corpo para nos mostrar que há algum perigo, funciona como um alerta. Pode ser real ou imaginário, mas em níveis normais nos ajuda a enfrentar algumas situações do dia-a-dia, como parar se ouvir uma buzina, ficar nervoso com um evento importante se aproximando, possibilitando a preparação adequada. Porém, a ansiedade “fora de lugar” ou constante é um transtorno emocional que pode trazer prejuízos para a vida do sujeito. Esse transtorno traz sensações negativas como angústia, inquietação, medo, preocupação excessiva e irritabilidade e sintomas físicos como respiração ofegante, taquicardia, sudorese, dor no peito, entre outros. Há ainda uma busca por recompensa e prazer, para abafar os sentimentos negativos, onde entra a alimentação: o alimento é usado como conforto, acalanto para a ansiedade. O comer é mais influenciado pelas emoções do que pela necessidade fisiológica de fome.
Os alimentos escolhidos geralmente são aqueles que tem um significado emocional, como o pão que a mãe fazia quando era criança, ou alimentos calóricos e com alto teor de açúcar e/ou gordura. Por isso, esses comportamentos podem gerar aumento de peso ao longo do tempo, dificuldade em seguir uma alimentação saudável ou fazer uma dieta e geralmente estão associados com sentimentos de culpa e arrependimento após comer.
As mulheres estão mais suscetíveis aos transtornos de ansiedade por causa da flutuação hormonal e a busca por um padrão de beleza inalcançável corrobora para os sentimentos negativos em relação à comida e ao próprio corpo. Outro grupo de risco são os universitários.
O ingresso na universidade causa várias mudanças expressivas na rotina, com maior carga horária de estudo, muitas vezes aliado ao estágio ou trabalho, preocupações com a carreira e o futuro, exigência de maior responsabilidade e autonomia, o que também pode gerar ansiedade. Além disso, é comum a falta de tempo para fazer exercício físico ou preparar a própria comida, levando a mudanças nos hábitos alimentares.
A ansiedade já era considerada o mal do século antes de 2020 e a pandemia do coronavírus só fez aumentar os números. Ansiedade e estresse caminham lado a lado, sendo este também um influenciador do comportamento alimentar, principalmente aquele tipo de comportamento compulsivo, porque o cortisol, hormônio do estresse, estimula a ingestão alimentar.
Os estudos mostram que pessoas estressadas tendem a comer mais alimentos hiper palatáveis e em maior quantidade do que o habitual. Quanto maior o nível de ansiedade, maior o consumo de alimentos hiper palatáveis e a substituição de refeições por lanches. Por isso, ao se considerar fazer uma dieta ou uma reeducação alimentar para ter hábitos mais saudáveis, é imprescindível pensar-se em questões como ansiedade e estresse e o trabalho em conjunto de profissionais da nutrição, psicologia e, às vezes, psiquiatria.
Manejo da ansiedade:
Mesmo que as sensações sejam frequentes, elas são temporárias. Então, pode-se trabalhar no sentido de aceitar a ansiedade e esperar que esse pico dela passe. Isso pode ser bem desafiador, mas algumas dicas podem ajudar a enfrentar esse momento, como focar a atenção na respiração, tentar se colocar no momento presente (e não nos pensamentos negativos e preocupantes, que giram em torno da ansiedade). Fazer alguma coisa que você gosta, para desviar o foco dos sintomas, é uma boa estratégia. Alguns exemplos são ouvir música, pintar, ver algum vídeo engraçado, ligar para um familiar ou amigo, ler um livro, arrumar a casa, cuidar das plantas, entre outros. Fazer exercício físico regular é super recomendado.
Importante: Nenhuma dessas dicas substitui o acompanhamento com psicólogo(a) e psiquiatra, quando necessário.
Veja essas técnicas para ajudar no manejo da ansiedade sem utilizar a comida:
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Referências:
NASCIMENTO, Ismaelly Liberalino. A influência da ansiedade na compulsão alimentar: uma revisão de literatura. 2023. Dissertação (Graduação em Nutrição) – Unidade Acadêmica de Saúde. Universidade Federal de Campina Grande. Paraíba, 2023.
SOARES, Wisandria Arruda; DEVOTTE, Nasciane Corrêa; FARIA, Anderson Assis; FERREIRA, Marieta J. Ferraz; MELO, Tatiana Lima. Ansiedade e transtornos alimentares em graduandos. Revista Eletrônica Interdisciplinar Barra do Garças – MT, Brasil. 2023. Vol. 15. Num. 2. p. 38-48.
VERLY-MIGUEL, Marcus Vinicius Barbosa. Depressão, ansiedade e mudança nos hábitos de consumo alimentar durante a pandemia de COVID-19 em estudantes universitários. 2023. 67 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
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