A obesidade é uma doença multifatorial
Não só o estilo de vida, como sedentarismo e dieta, influencia no seu desenvolvimento e manutenção, como uma disfunção no tecido adiposo branco, principalmente no tecido adiposo abdominal visceral (entre os órgãos). Além do peso, a circunferência abdominal aumentada é um importante medidor de risco para saúde.
O tecido adiposo aumentado e em grade quantidade podem desencadear um ciclo vicioso de inflamação que conduz à disfunção desse tecido. Essa disfunção pode gerar problemas metabólicos, começando com a resistência à insulina. Uma vez instaurada, a resistência à insulina promove o acúmulo de gordura, resultando em obesidade e, mais do que isso, ela dificulta a perda de peso. Por isso, para algumas pessoas emagrecer se torna uma tarefa difícil.
Além disso, outros transtornos metabólicos acontecem: dislipidemia, inflamação de baixo grau, disfunção endotelial e hipertensão, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e Diabetes Tipo II. Inclusive, o desenvolvimento dessas doenças está intimamente relacionado, ou seja, quando você tem uma, o risco de desenvolver as outras é aumentado.
Em 2030, prevê-se que 57,8% dos adultos terão sobrepeso ou obesidade e sofrerão com as consequências aqui citadas desta doença. Portanto, é preciso ter um olhar atento para a prevenção de sobrepeso, obesidade e a detecção precoce de transtornos metabólicos. A mudança no estilo de vida, a alimentação, o exercício físico, o consumo de alimentos funcionais e fitoterápicos é a estratégia mais importante para combater a disfunção do tecido adiposo e a evolução para resistência à insulina e transtornos metabólicos, antes que seja necessário o uso de medicamentos.
O que é a dieta mediterrânea?
A dieta mediterrânea é hoje a mais recomendada para prevenção e tratamento de Obesidade, Diabetes e doenças cardiovasculares, promovendo maior perda de peso, melhora dos marcadores inflamatórios e perfil cardiometabólico (redução de triglicerídeos e aumento do HDL-colesterol).
Os primeiros estudos sobre o estilo de alimentação do mediterrâneo começaram na década de 1960 e revelou um padrão diferente do da América do Norte: grande consumo de cereais, leguminosas, frutas e peixe e baixo consumo de batatas, carnes, laticínios, ovos e doces. Além disso, uma alta ingestão de vegetais e uso de azeite de oliva como principal fonte de gordura.
A dieta mediterrânea se caracteriza por consumo de produtos vegetais em detrimento de produtos de origem animal, assim como a preferência pela produção local ou próxima, vegetais frescos ou da época, o que diminui o uso e impacto dos agrotóxicos e fertilizantes. O uso do azeite de oliva, uma gordura monoinsaturada em detrimento das saturadas, como manteiga, banha, leite e carne vermelha, é o responsável pelo aumento no HDL-colesterol. O ômega-3 presente nos animais marinhos e sementes como linhaça melhoram o perfil dos lipídeos (colesteróis).
As ervas aromáticas são o principal tempero da comida, diminuindo o uso do sal; as ervas, especiarias, azeite de oliva e as verduras fornecem alto conteúdo de antioxidantes, responsáveis pela característica anti-inflamatória da dieta; a principal bebida do dia é a água, diminuindo o consumo de açúcar proveniente de sucos e refrigerantes; as frutas são a preferência para a sobremesa, evitando o consumo de açúcar; o consumo de álcool também é baixo, dando preferência ao vinho e apenas nas refeições principais; a preferência por cereais pouco refinados, leguminosas, frutas frescas e secas e oleaginosas aumenta o consumo diário de fibras.
Outro princípio da dieta mediterrânea é a convivialidade à volta da mesa, um hábito que nós do ocidente perdemos: comemos rápido para voltar a trabalhar ou fazer outras coisas, mexendo no celular ou vendo televisão e frequentemente sozinhos devido à rotina. A prática regular de atividade física também faz parte do estilo de vida mediterrâneo.
Referências:
Valenzuela PL, Carrera Bastos P, Castillo García A, Lieberman DE, Santos Lozano A, Lucia A. Obesity and the risk of cardiometabolic diseases. Nat Rev Cardiol. 2023;20(7):475-94.
Kosmas CE, Bousvarou MD, Kostara CE, Papakonstantinou EJ, Salamou E, Guzman E. Insulin resistance and cardiovascular disease. J Int Med Res. 2023;51(3):3000605231164548.
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Graça, P. Breve história do conceito de Dieta Mediterrânea numa perspectiva de saúde. Revista Factores de Risco, 2014.
Urquiaga I, Echeverría G, Dussaillant, C, Rigotti A. Origen, componentes y posibles mecanismos de acción de la dieta meditarránea. Rev Med Chile, 2017.
Mais um pouco sobre a dieta mediterrânea:
https://www.draanaluizacardoso.com.br/dieta-mediterranea-quais-beneficios/
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