Qual a relação da vitamina D com o intestino?

Por muito tempo sabia-se somente do papel da vitamina D na formação óssea do organismo, mas ela também é fundamental na regulação da inflamação e no sistema imunológico. Hoje ela não é considerada só uma vitamina, mas sim um hormônio. Muitos estudos relacionam seus níveis com a saúde intestinal. O intestino é considerado atualmente como nosso segundo cérebro, atuando na nutrição, absorção de vitaminas, imunidade, além de comunicar-se diretamente com o cérebro.

A falta de vitamina D pode comprometer a integridade da mucosa intestinal, o que desencadeia uma susceptibilidade à inflamação e Disbiose intestinal. A Disbiose é um estado de desequilíbrio entre as bactérias protetoras e agressoras que gera uma maior permeabilidade intestinal. Algumas causas de Disbiose são a dieta inadequada (alto consumo de alimentos processados e industrializados, álcool, açúcar, cigarro; baixo consumo de frutas, verduras, legumes, fibras e água), exposição a microrganismos patógenos (bactérias, vírus ou parasitas), o estresse, o sedentarismo e uso de alguns medicamentos, como os antibióticos e antiácidos.

Esses processos aumentam o risco de desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais (Doença de Crohn, Síndrome do Intestino Irritável, Câncer colorretal) e também doenças crônicas (Doenças cardiovasculares, Diabetes, Obesidade, Esteatose hepática não alcoólica, Câncer). O tratamento consiste em evitar os fatores de risco para Disbiose (fumar, ingerir bebidas alcóolicas, açúcar em excesso), adequar a alimentação, cuidar da saúde mental e diminuir o estresse, praticar exercícios físicos e utilizar de suplementação e fitoterápicos quando necessário.

Os estudos mostram a vitamina D como controladora da inflamação e aumento das bactérias relacionadas aos efeitos benéficos e diminuição das bactérias “ruins”. Indivíduos com deficiência apresentam níveis mais elevados de citocinas pró inflamatórias e anti-inflamatórias quando comparados àqueles com níveis adequados da vitamina. Da mesma forma, a suplementação funciona como fator protetor da saúde intestinal. Além disso, a suplementação é benéfica em outras patologias que envolvem inflamação, como dor crônica, Fibromialgia, alergias e intolerâncias alimentares, além das doenças autoimunes.

Onde encontrar vitamina D?

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Alimentos fonte de vitamina D

É recomendada a ingestão de alimentos fonte, como atum, bacalhau, sardinhas, salmão e cogumelos shitake, e principalmente a exposição solar. Indica-se expor-se ao sol por 10 a 15 minutos, todos os dias, nos horários de maior pico (entre 10 e 15h). Entretanto, vários fatores influenciam sua absorção, como a estação, o período do dia, a pigmentação da pele, a idade e o uso de filtro solar. Por isso, nem sempre só isso será suficiente e é necessária a avaliação de uma suplementação.

Como qualquer suplementação, deve ser indicada por um profissional (nutricionista ou médico), a partir da avaliação através da dosagem no sangue de colecalciferol (vitamina D), quando os níveis estiverem deficientes. Existem 2 tipos de suplementação: em comprimido e em gotas. A dosagem pode variar de 1000UI até 50000UI.

Referências:

Cavalcante, A. F. L. O papel da vitamina D nas doenças inflamatórias intestinais. Universidade Católica de Brasília, 2017.

Weiss, G. A.; Hennet, T. Mechanisms and consequences of intestinal dysbiosis. Cellular and Molecular Life Sciences, v. 74, p. 2959-77, 2017.

Singh, P.; Rawat, A.; Alwakeel, M.; Sharif, E.; Khodor, S. The potential role of vitamin D supplementation as a gut microbiota modifier in healthy individuals. Scientific Reports, v. 10, n. 1, 2020.

Castro, L. C. G. O sistema endocrinológico da vitamina D. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 55, n. 8, 2011.

Anjos, A. C. P. A. et. al. Influência da deficiência de vitamina D sobre a disbiose intestinal: Uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 10, n. 9, 2021.

Rodrigues, B. B. et. al. Vitamina D na regulação do organismo humano e implicações de sua deficiência corporal. Brazilian Journal of Health Review, v. 2, n. 5, p. 4682-92, set./out. 2019.

Autora:

Annelise Riva

Saiba mais sobre o metabolismo da vitamina D:

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